Movimento quer por fim ao câncer de colo de útero no país

O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres no Brasil, excluídos os de tumores de pele não melanoma. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) estimaram 16.710 casos novos para 2022, o que representa um risco considerado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. A boa notícia é que este câncer, que é uma consequência da infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) pode ser prevenido com medidas simples, como exame de papanicolau e a vacinação. “Os grandes vilões dessa história são a falta de informação correta, a desigualdade e a dificuldade de acesso à saúde”, diz Angélica Nogueira Rodrigues, oncologista com foco em saúde da mulher.

Em maio de 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez um chamado pela eliminação do câncer de colo de útero como problema de saúde pública, quando se atingiria incidência anual inferior a 4 casos para 100 mil mulheres globalmente. As três metas principais da OMS para 2030 são a vacinação de 90% das meninas até 15 anos de idade contra o HPV, o rastreamento com um teste de HPV em 70% das mulheres aos 35 e 45 anos, e 90% de mulheres com acesso ao tratamento de lesões iniciais. No Brasil, o controle de câncer do colo de útero foi designado como prioridade no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis (DCNT) de 2021-2030, porém há ainda muito a se fazer.

“Embora a vacina tetravalente contra o HPV esteja amplamente disponível na rede pública para homens e mulheres, não há divulgação apropriada e a aderência da população é baixa. Nos últimos anos, caminhamos na contramão de países desenvolvidos ao retirarmos a vacinação contra HPV das escolas públicas, levando os índices de cobertura vacinal para níveis muito inferiores aos da meta preconizada”, afirma a oncologista. Em 2022, a taxa de cobertura vacinal está em 57 % em meninas, e 37% em meninos, e a cobertura de Papanicolau não atinge 20% da população alvo (mulheres entre 25 e 65 anos de idade), números que, segundo projeções da OMS, não permitirão a eliminação da doença neste século no país.

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