De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença de Alzheimer. No Brasil, estima-se que são cerca de 1,2 milhão de pessoas, número que tende a crescer devido ao envelhecimento. Reconhecida como uma doença neurodegenerativa, é uma das condições mais prevalentes dentro das síndromes demenciais, possuindo características únicas que a distinguem das demais. Ela varia em apresentação clínica, taxa de progressão e manifestações comportamentais. O impacto no indivíduo e nas famílias é significativo, exigindo uma compreensão ampla e medidas preventivas adequadas.
Neste sábado (21) foi data dedicada à conscientização da doença de Alzheimer. O médico neurologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dr. Wesley Moreira Vieira, destaca a importância de abordar a prevenção. “Não existe uma idade mínima para começar a prevenir. Estudos recentes identificaram vários fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças, como obesidade, o colesterol alto, o sedentarismo, o diabetes, a hipertensão arterial, o tabagismo, o alcoolismo, a lesão cerebral traumática repetitiva, a depressão, o isolamento social, além de baixa capacidade visual e auditiva, associada à baixa escolaridade”, detalha o especialista da FSFX.
O estilo de vida tem um papel fundamental na prevenção. “A dieta mediterrânea, rica em alimentos frescos e integrais como frutas, vegetais, peixes, grãos integrais e carnes magras, é frequentemente recomendada. Ela pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, que são fatores de risco para o desenvolvimento de demência. Além disso, o sedentarismo tem uma ligação direta com o desenvolvimento de síndromes demenciais. A prática regular de exercícios físicos, ao menos três horas semanais, é altamente recomendada para manter o cérebro saudável. O manejo adequado desses fatores pode prevenir em até 45% os casos de demência”, explica o neurologista.
De acordo com o neurologista, é importante que tanto pacientes quanto cuidadores e familiares estejam cientes dos primeiros sintomas e procurem assistência médica rapidamente, pois, o tratamento, quando iniciado no momento adequado, pode minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. “Sinais como dificuldades com o manuseio de medicamentos, preparo de refeições, controle financeiro e esquecimento de compromissos podem ser os primeiros indícios. Além disso, alterações comportamentais, como irritabilidade, ansiedade e apatia, também são comuns e devem ser vistas como parte da doença, e não como falhas de caráter”, exemplifica o profissional da FSFX.
Enquanto a ciência segue na busca por um tratamento curativo para o Alzheimer, avanços significativos tem ocorrido. “Novos medicamentos, que já estão sendo comercializados em alguns países, prometem retardar a progressão da doença. Mesmo que não sejam os fármacos que usaremos no futuro, talvez eles tenham encontrado o caminho para o tratamento”, comenta o médico. De acordo com o neurologista, enquanto a cura definitiva não é descoberta, o foco deve ser o gerenciamento dos fatores de risco modificáveis, pois além da possibilidade de adiar o início dos sintomas, pode também melhorar a qualidade de vida do paciente, sempre buscando manter o cuidado adequado.
O tratamento medicamentoso, assim como o carinho e apoio familiar são essenciais para que os pacientes vivam com mais dignidade. “As medicações disponíveis atualmente conseguem minimizar os sintomas, proporcionando alívio para os pacientes e reduzindo o estresse dos cuidadores. Por isso, uma dica que passo aos familiares é que produzam boas emoções, pois o paciente com Alzheimer pode não se lembrar do que você falou, mas ele vai guardar a emoção vivenciada. O Alzheimer pode apagar memórias, mas com cuidado, prevenção e um toque de afeto, é possível viver de forma mais plena, mesmo diante dos desafios”, finaliza o especialista da FSFX.
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