Segurança: Vale amplia produção a seco em Minas Gerais, e no Estado do Pará

Mina em Nova Lima. Foto: Vale

A Vale vem adotando novos processos e tecnologias para gerar menos rejeitos e implementar novas soluções de descarte e reaproveitamento do material em suas operações. O processamento a seco ou a umidade natural do minério de ferro, que dispensa o uso de água no beneficiamento do insumo e, portanto, não gera rejeitos já responde por quase 80% da produção da Vale no Brasil, contra 40% em 2014. De janeiro a setembro de 2023, cerca de 78% da produção de minério de ferro da empresa foi a seco.

Do total de 216 milhões de toneladas do mineral produzidas no período, cerca de 168 milhões de toneladas não geraram rejeitos. O processamento do minério de ferro sem uso de água já predomina nas operações de Minas Gerais. Até setembro de 2023, a produção a seco da Vale no estado foi de 54% no acumulado do ano, mais que o dobro em relação aos 20% em 2016. No Pará, 96% da produção de minério de ferro foram a seco, entre janeiro e setembro de 2023.

Operação Remota. Foto: Vale

A Vale também está investindo em novas tecnologias para ampliar o beneficiamento a seco, como é o caso da concentração magnética de minérios de baixo teor de ferro. A tecnologia é desenvolvida pela New Steel, empresa adquirida pela Vale em 2018. A primeira planta industrial de concentração magnética está em fase de implantação na mina Vargem Grande, em Nova Lima, com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas por ano.

O método não utiliza água no processo de beneficiamento e, consequentemente, não gera rejeitos. A técnica reduz o consumo total de água em cerca de 93%, e aumenta a produtividade devido à maior economia de recursos, com menor consumo de energia e menos fases de produção. Em minas mais antigas de Minas Gerais, nas quais ainda há a necessidade de água para concentração de minérios com baixo teor de ferro, a Vale instalou plantas de filtragem para dispor o material em estado sólido.

Foto: Beto Rocha

Em 2023, a empresa concluiu a implantação da quarta planta de filtragem no estado, na mina Cauê do complexo de Itabira. As outras três estão instaladas nos complexos de Vargem Grande, Brucutu e mina Conceição/Itabira. Juntas, elas têm capacidade de filtrar 60 milhões de toneladas de rejeitos por ano (Mta), retirando a água do material para que seja disposto em pilhas. As plantas de filtragem de rejeitos começaram a ser instaladas em 2019, empregando cerca de 6 mil trabalhadores no pico das obras.

A Vale planeja investir US$2,2 bilhões em sistemas de filtragem de rejeitos e empilhamento a seco, considerando o período de 2019 a 2027. Em 2022, o investimento foi de US$305 milhões. A primeira planta de filtragem entrou em operação em 2021 no Complexo de Vargem Grande, em Itabirito, e a última no início do ano passado (2023) na mina Cauê, do Complexo de Itabira. A água retirada do rejeito no processo de filtragem volta para a operação das usinas.

Mina de Itabirito. Foto: Leo Lopes

Nas operacionais, cerca de 90% da água é reaproveitada em toda a cadeia de produção. A Vale vem desenvolvendo novos projetos para promover a economia circular em suas operações, gerando valor compartilhado para a sociedade e contribuindo para o meio ambiente. Em outubro do ano passado, a Vale apresentou empresa criada para desenvolver e ampliar seu negócio de areia sustentável. A Agera recebe a areia produzida dos rejeitos de minério de ferro e promove sua comercialização e distribuição.

“A Agera escala um negócio ajudando a reduzir o uso de barragens em Minas Gerais, além de contribuir para substituir a areia natural, que muitas vezes é extraída de forma predatória dos rios. A Agera está fortemente ligada à nossa estratégia de promover a mineração circular, o que significa fortalecer na mineração os conceitos da economia circular, de associar o desenvolvimento econômico a um melhor aproveitamento dos recursos naturais”, explica Fabiano Carvalho Filho, diretor de Negócios da Vale.

Areia sustentável na Mina Brucutu. Foto: Vale

A areia sustentável começou em 2021 após sete anos de pesquisa, como substituta da areia extraída do meio ambiente. Desde então, já foram destinados ao setor de construção civil e a projetos de pavimentação rodoviária cerca de 1,7 milhão de toneladas do produto. A expectativa é comercializar 2,2 milhões em 2024. O processamento a úmido do minério de ferro, que é utilizado atualmente em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos, que podem ser dispostos em barragens ou em pilhas.

Esses rejeitos são compostos basicamente de sílica, o principal componente da areia, e óxidos de ferro e é um material não tóxico. A Vale investe desde 2014 em pesquisas para encontrar soluções para o reaproveitamento da areia proveniente do processamento do minério de ferro com o objetivo de reduzir a geração de rejeitos. Em 2021 a Vale iniciou a comercialização da areia sustentável, destinada para a construção civil com origem 100% legal, alto teor de sílica e baixo teor de ferro.

Mina de Brucutu. Foto: Vale

Desde 2021 a areia é produzida na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo. Em 2022, a empresa começou a produzir em pequena escala na mina de Congonhas, e nos próximos meses pretende iniciar a produção na mina Cauê, em Itabira. A Vale também mantém Fábrica de Blocos do Pico, primeira planta industrial de produtos para a construção civil cuja matéria-prima principal é o rejeito da mineração. Em 2020, em Itabirito, a fábrica tem capacidade de produção de 3,8 milhões de pré-moldados/ano.

A Vale tem trabalhado fortemente para aprimorar a gestão e segurança das suas estruturas e construir um novo ciclo para a mineração no Brasil, mais seguro para as pessoas, para o meio ambiente e para seus empregados. Um dos primeiros compromissos assumidos logo após o rompimento da barragem B1, em Brumadinho, e que também é uma exigência legal, foi o de acabar com todas as estruturas alteadas a montante. Desde 2019, R$ 7 bilhões foram direcionados para acabar com as barragens da empresa.

Crédito: Vinícius Cordeiro/Reprodução Vale

“A descaracterização das estruturas a montante é um dos compromissos assumidos pela empresa para aumentar a segurança das comunidades onde atuamos. Por serem obras muito complexas, estão sendo realizadas de forma cautelosa, tendo como prioridade, sempre, a segurança das pessoas, a redução dos riscos e cuidados com o meio ambiente”, afirma Adriana Bandeira, diretora de descaracterização de barragens e projetos geotécnicos da companhia.

Mais de 40% das 30 estruturas previstas no Programa de Descaracterização já foram eliminadas. A descaracterização da estrutura deve ser concluída no segundo semestre deste ano, três anos antes do prazo previsto. O avanço resultou na melhora das condições de segurança e permitiu redução do nível de emergência da barragem em outubro do ano passado. O trabalho de remoção de rejeitos da B3/B4 vem sendo realizado, até o momento, integralmente por equipamentos operados de forma remota.

Dique Um A. Foto: Vale/Divulgação

A tecnologia foi desenvolvida pela Vale em parceria com fornecedores e permite que os operadores trabalhem fora da área de risco, em um ambiente seguro e estruturado pela empresa a cerca de 15 quilômetros da barragem, enquanto os caminhões e escavadeiras fazem a remoção de material. Desde 2019, a empresa descaracterizou 13 barragens a montante, sendo 10 em Minas. Outras 17 estruturas estão em processo de descaracterização e a previsão é que nenhuma barragem esteja em condição crítica até 2025.

A conclusão total do Programa está prevista para 2035. As ações implementadas em todas as estruturas a montante são objeto de avaliação e acompanhamento pelas equipes técnicas independentes, que fazem parte de Termo de Compromisso firmado com os Ministérios Públicos, Estadual e Federal, e Estado de Minas Gerais, representado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD).

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