A aposentada Ana Maria Marcial Maia, de 69 anos, está vivendo um novo capítulo em sua vida. Na fila por uma doação de córnea há mais de quatro anos, ela recebeu a tão aguardada notícia e, recentemente, passou por um transplante no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, unidade administrada pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX). Ela foi à sexta moradora da região em realizar esse procedimento. Ceratopatia bolhosa é uma doença que não tem cura nem tratamento medicamentoso. A disfunção reduz progressivamente a acuidade visual e é uma das principais indicações para transplante de córnea.
“Durante a cirurgia eu já estava enxergando as mãos do médico. Foi uma felicidade tremenda”, conta Ana Maria Marcial Maia. “Minha mãe já não saia sozinha, não conseguia ler, pegar um ônibus e realizar tarefas simples. Era necessário que a gente a acompanhasse em tudo”, conta a filha da aposentada, Renata Marcial Maia. Sem tratamentos medicamentosos ou cura, a doença é listada como uma das principais indicações para transplante de córnea, assim como o ceratocone, ceratite, queimaduras químicas da córnea e distrofias do estroma da córnea.
“A cirurgia foi um sucesso e durou cerca de uma hora. A expectativa é de que a paciente retome de 70 a 90% da visão” relata o médico oftalmologista dr. Silas Machado Franco Júnior, que foi o responsável pelo procedimento cirúrgico. Ana Maria foi diagnosticada com uma doença na córnea há treze anos, conhecida como ceratopatia bolhosa, e foi perdendo progressivamente a visão. Há cerca de dois anos, ela passou a viver com menos de 10% da visão do olho direito e cerca de 30% do esquerdo. Segundo o levantamento de 2022, o Brasil tinha 56.847 pacientes que aguardavam um transplante de órgãos ou tecidos.
O transplante de córnea é a esperança de muitos pacientes com baixa acuidade visual. Em muitos casos, somente um transplante pode reaver a visão. Por ser um órgão avascular (não irrigado por vasos sanguíneos), o risco de rejeição é menor do que em outros órgãos. “Estamos muito felizes. É uma benção. Agora é vida nova para minha mãe, com mais qualidade e independência. Agradecemos muito à família doadora e espero que mais pessoas se conscientizem da importância de ser um doador. Faz muita diferença na vida de muita gente”, agradece Renata Marcial. Cerca de 21.260 pacientes aguardam transplantes de córnea.
O oftalmologista da FSFX, Silas Machado Franco Júnior, explica que o endotélio corneano é a camada mais interna da córnea. “Ele funciona como uma bomba dentro da córnea e sua função é bombear água para fora. Quando deixa de funcionar normalmente, ocorre inchaço, que faz com que a córnea perca a sua transparência normal. O resultado é uma visão turva. A função do endotélio também é manter a córnea com espessura normal. As células endoteliais não se regeneram, por isso não existe tratamento com medicações, a não ser o transplante de uma córnea”, detalha.
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