Em julho de 2022, uma análise divulgada pelo Banco Mundial mostrou que há um espaço significativo para tornar o gasto com saúde mais eficiente, particularmente no nível hospitalar. O estudo destacou que há um número excessivo de hospitais pequenos (que não são economicamente eficientes, pois operam em baixa escala), o que aponta para a necessidade de equilibrar o objetivo, por um lado, de aumentar a proximidade entre os serviços hospitalares e os cidadãos e, por outro lado, a eficiência. No Brasil, pouco mais de 50% dos hospitais são considerados instituições de pequeno porte.
Eduardo Agostini, especialista em gestão de custos na área de Saúde e Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Planisa (empresa de soluções em gestão de saúde) ressalta que um grande desafio é reconfigurar o modelo de prestação de serviços em torno de redes integradas de saúde. “Boa parte do desperdício é determinada por ineficiência no uso do leito hospitalar e por internações por condições sensíveis à atenção primária, que poderiam ser evitadas pelo aumento de eficácia nesse nível de atenção, apenas para citar um exemplo”, comenta. Em média, de 65% dos custos de um hospital, são fixos.
A baixa ocupação torna o sistema ainda mais oneroso e ineficiente em termos econômicos. Outro ponto destacado refere-se às taxas de ocupação de leitos hospitalares, que são muito baixas, em média, 45% para todos os hospitais do SUS e apenas 37% no caso dos leitos de alta complexidade. “As taxas de ocupação observadas no SUS são muito inferiores à média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de 71%, e muito abaixo da taxa de ocupação desejável, entre 75% e 85%”, salienta o documento.
Agostini aponta que outro cenário comum de desperdício na saúde é a internação, que pode ser prevenível. “A melhor estratégia em saúde é a prevenção”, salienta. “Em uma rápida análise deste cenário, basta imaginar que, se conseguirmos diminuir a ineficiência do uso do leito, diminuir as internações por condições sensíveis à atenção primária e buscar uma rede mais integrada, desde a atenção primaria até as necessidades de complexidade superior em saúde, teremos uma economia fantástica, com certeza bilionária, e poderíamos aplicar melhor estes recursos”, destaca.
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