O câncer de pele é um dos tipos mais comuns no Brasil, com altas taxas de incidência. Para alertar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, a campanha “Dezembro Laranja” é realizada, com o intuito de promover conscientização sobre os cuidados, especialmente durante o verão, quando a exposição ao sol é mais intensa. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que no Brasil, neste triênio entre 2023 e 2025, deve registrar aproximadamente 220 mil novos casos de câncer de pele por ano. Esses números correspondem a 33% de todos os diagnósticos de câncer, sendo o de maior prevalência.
Na Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha (HMC), administrado pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX), mais de 350 pacientes iniciaram o tratamento de câncer de pele não-melanoma no último ano, sendo que, na faixa etária superior a 71 anos, a doença de pele superou outros tipos de câncer. Dezembro foi estrategicamente escolhido para essa campanha devido ao calor intenso e à alta exposição ao sol que a população enfrenta. Segundo o dermatologista da FSFX, Dr. Ismael Alves Rodrigues, a exposição excessiva sem proteção, é o principal fator de risco para o câncer de pele, mas pode ser prevenido com atitudes simples.
“Não é apenas o protetor solar, mas sim um planejamento completo de fotoproteção. Isso envolve escolher horários seguros, como evitar o sol entre 10h e 16h, usar roupas adequadas (chapéus, óculos escuros, camisetas de manga longa) e proteger-se com sombrinhas ou ombrelones feitos de materiais como algodão ou lona, que filtram melhor a radiação ultravioleta. O protetor deve ser reaplicado após entrar na água ou suar muito, e a cada duas ou três horas, caso a exposição ao sol seja contínua. É importante examinar regularmente a pele, procurando por alterações como pintas novas, mudanças nas pintas existentes ou feridas que não cicatrizam,” orienta.
“Além disso, a consulta anual com um dermatologista é fundamental, especialmente para pessoas com pele clara, que têm maior propensão a desenvolver a doença. Também é importante estar atento a lesões que não cicatrizam dentro de 14 dias ou pintas diferentes das demais, pois elas devem ser examinadas por um especialista. Estatisticamente, quem já teve pelo menos seis queimaduras solares está mais propenso a desenvolver a doença. No entanto, embora o risco aumente com o acúmulo de exposições solares sem proteção, é sempre possível prevenir e buscar tratamento adequado,” reforça o especialista da FSFX.
Ainda segundo o dermatologista, o câncer de pele pode se manifestar de diversas formas. “O câncer pode aparecer como lesões de diferentes cores e formas, desde manchas claras, vermelhas ou acastanhadas, até feridas que não cicatrizam. A forma mais comum de câncer de pele é o carcinoma basocelular, enquanto o melanoma, embora mais raro, é mais grave e pode ser fatal. Ambos os tipos têm relação direta com exposições solares eventuais, como queimaduras ocasionais. É na infância e na juventude que as pessoas se queimam mais ao sol e é esse sol que, mais tarde, pode resultar em câncer de pele”, destaca o médico.
Nos últimos anos, houve grandes avanços tanto no diagnóstico quanto no tratamento do câncer de pele. “O uso de tecnologias como a dermatoscopia, que ampliam as lesões para um diagnóstico mais preciso, permite identificar de forma precoce. O mapeamento corporal, que envolve fotografar e catalogar as pintas e lesões ao longo do tempo, tem sido uma ferramenta valiosa para o acompanhamento. Para casos mais graves, como o melanoma avançado, há técnicas promissoras. Terapias alvo e imunoterapias, que ajudam a estimular o sistema imunológico para combater os tumores, têm mostrado resultados positivos”, relata o dermatologista.
A mensagem principal da campanha “Dezembro Laranja” é a conscientização e a prevenção. Dr. Ismael lembra que, embora o sol seja sinônimo de diversão, férias e momentos de felicidade com amigos e família, o autocuidado e o planejamento para a exposição solar são fundamentais. “Eu gostaria de ressaltar que com um pouco de autocuidado e planejamento aumentamos a nossa sobrevida, tanto em número de anos absolutos, quanto a nossa sobrevida livre de problemas, cirurgias e cicatrizes. Com autocuidado e com planejamento, nós conseguimos promover a educação das nossas crianças que estão ali nos observando”, conclui o profissional.
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