Inadimplência recua e crédito desacelera, diz Banco Central

De acordo com os dados publicados hoje pelo Banco Central, a taxa de inadimplência das famílias nas operações com recursos livres soma quatro quedas consecutivas na comparação mensal. Desta vez o recuo foi mais tímido, de 5,93% para 5,91% na passagem de setembro para outubro. Desde o início do programa federal de renegociação de dívidas, o “Desenrola Brasil”, a taxa recuou 0,39 pontos percentuais; contudo, esta retração não deve ser atribuída somente ao programa. Neste mesmo período o indicador da Boa Vista de Registros de Inadimplentes também acumulou quatro quedas na comparação mensal e o crescimento na curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, desacelerou de 20,0% ao final do 2º trimestre para 10,3% em outubro.

“Sem dúvida, o mês de outubro as pessoas elegíveis, ou seja, aquelas com ganhos de até dois salários-mínimos e que tinham alguma restrição de crédito desde o final do ano passado, puderam renegociar até R$ 5 mil em dívidas. O resultado dela foi positivo, e de acordo com o Ministério da Fazenda, R$ 151 bilhões em dívidas foram renegociados a um valor de R$ 25 bilhões, um desconto médio de 83%. Ao menos parcialmente, o indicador da Boa Vista de Recuperação de Crédito, apurou crescimento de 8% entre os meses de junho e outubro, na comparação dos dados dessazonalizados, mas não podemos deixar de lado outros fatores igualmente ou mais importantes, como a melhora nos números do mercado de trabalho”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

A inadimplência agora está no mesmo patamar de dezembro do ano passado e a taxa média de juros cobrada das famílias nas operações com recursos livres num patamar muito próximo daquele. Desde o final de junho ela recuou 3,68 pontos percentuais, para 55,37% e em dezembro ela estava na marca de 55,66% ao ano. Este recuo nos últimos quatro meses se deveu a uma queda no spread bancário de 3,71 pontos percentuais, para 43,68 pontos.  “O controle da inflação e a melhora na renda real, assim como a redução nos juros e gradativa no endividamento das famílias. Foi o efeito destes fatores que melhoraram os números de registros nos últimos meses e são eles que no longo prazo farão com que a inadimplência siga por um caminho de queda sustentável”, acrescenta o economista da Boa Vista.

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