Formas de adaptação nos desafios do trabalho híbrido

Trabalho Híbrido. Foto: Divulgação

Há três anos, o trabalho remoto era uma novidade. Há dois  anos, se tornou normal. Atualmente, o modelo híbrido ou totalmente remoto são fatores decisivos para aceitar ou até deixar um emprego. O ajuste que cada empresa tem feito neste sentido vai definir, inclusive, as formas e os futuros locais de trabalho. Por ora, temos visto movimentos diversos em busca de um equilíbrio que una os benefícios das duas pontas: as conexões humanas e as facilidades de executar as tarefas onde e como quiser.

Morando em Londres para finalizar meu mestrado em Gênero na London School of Economics (LSE), tenho me dividido em treinamentos presenciais e on-line com resultados bastante satisfatórios. Por isso foi uma surpresa ler a recente notícia de que o Zoom orienta funcionários a voltar ao escritório. A empresa disse que agora está aplicando uma abordagem híbrida estruturada, o que significa que os funcionários que moram perto de um escritório precisam estar no local dois dias por semana porque é mais eficaz.

As empresas têm enfrentado resistência dos seus colaboradores mesmo argumentando preocupações sobre produtividade, criatividade, cultura, planos de carreira e orientação. Segundo a Pesquisa de Sentimento das Trabalhadoras Híbridas, realizada pelo Internacional Workplace Group, fornecedor mundial de espaços para co-working, os motivos que levam as pessoas a voltarem ao escritório são outros. Em primeiro lugar, está a interação com os colegas (59%), oportunidade de colaboração pessoal (48%), e mudanças de ares (41%).

No caso das mulheres, a esmagadora maioria (90%) deseja ter um trabalho totalmente remoto ou híbrido e o principal motivo é porque acreditam que nesta modalidade as questões de gênero são amenizadas e pode, com isso, experimentar um grande senso de pertencimento, maior segurança psicológica e menos micro agressões, visto que interagem menos ou a distância com possíveis detratores. Cerca de 66% compartilharam que sofrem menos preconceitos. Quase três quartos (72%) delas afirmam que irão procurar um novo emprego.

Impressionantes 96% acreditam que o trabalho híbrido permite um estilo de vida mais saudável. As principais formas de fazer isso são:  relaxar ou dormir (61%), ir a consultas médicas ou dedicar-se ao seu bem-estar (61%) e cultivar melhores hábitos alimentares (57%). Ainda é importante enfatizar que as mulheres dedicam 8h a mais do que homens nos afazeres domésticos incluindo cuidar de filhos.As mulheres trabalham em média 18,5h para girar a economia do cuidado, enquanto os homens ficam com 10,4h para essas mesmas atividades.

Se em uma situação de casal, ambos trabalharem em casa, há uma maior chance de uma divisão mais justa dos afazeres da casa e dos cuidados com filhos e pais idosos. Aliás, esse arranjo permite às crianças entenderem o valor do trabalho e, também, meninos e meninas crescerem em pé de igualdade, entendendo as responsabilidades individuais. Um ponto que sempre ressalto é a importância dos homens e das empresas adotarem um período mais longo da licença parental para estreitar a equidade de gênero.

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