Estudo indica que 20% das vítimas de bullying já pensaram em autoextermínio

Ana Paula Siqueira

Um em cada cinco jovens brasileiros vítimas de bullying considera que a vida não vale a pena e já pensou em suicídio. Os dados, de 2021, são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ouviu 188 mil jovens na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). “Se considerarmos que o Anuário 2023 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou que 38% das escolas brasileiras registram casos de bullying, a conclusão é de que o bullying é um problema nacional e fator determinante nos suicídios entre jovens”, avalia a advogada Ana Paula Siqueira, especialista em Bullying e Cyberbullying.

O Setembro Amarelo de Combate ao Suicídio é um momento importante para reflexão do papel do bullying nos suicídios entre crianças e jovens. Apesar de não poder ser considerado como um fator único na decisão de uma pessoa que tira a própria vida, o bullying certamente exerce um papel importante no processo. “E hoje temos o agravante do cyberbullying (bullying virtual), que atinge a vítima onde ela estiver, pelas redes sociais ou pelos grupos de whatsapp”, explica Ana Paula. “Se há alguns anos a vítima encontrava refúgio em casa, hoje ela é atingida pelo cyberbullying 24 horas por dia, onde ela estiver,” disse Ana Paula.

O suicídio é um problema de saúde pública no mundo todo. Na faixa entre 15 e 29 anos, ele foi a quarta principal causa de morte, atrás apenas dos acidentes de trânsito, tuberculose e violência. A questão é complexa a atinge pessoas independente de fatores como raça, cor, sexo, classe social. No final de julho, uma professora sul-coreana de 23 anos foi encontrada morta dentro da escola onde lecionava para crianças da primeira série. O possível motivo: depressão ocasionada pelo bullying que ela sofria dos pais de seus alunos. Em seu diário, ela relatava meses de cobranças exagerada de pais de alunos, a qualquer hora do dia ou da noite.

Em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,3 por 100 mil. Ana Paula Siqueira explica que a Lei do Bullying estabelece os critérios que definem o comportamento e a forma como o problema deve ser tratado. “O bullying é a perseguição sistemática, cometida por uma ou mais pessoas contra a vítima, em forma de violência física ou psicológica, com origem no ambiente escolar, clubes ou agremiações”, diz.

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