Vale muda nome de mina e barragem em Minas, por escolha dos empregados e contra o racismo

Haline Paiva, gerente de Tratamento de Minério no Complexo Vargem Grande. Foto: Miguel Santos

O nome da mina e da barragem, até então, denominada “Capitão do Mato”, que fazem parte do Complexo Vargem Grande e estão localizadas em Nova Lima (MG), foi alterado para mina e barragem “Horizontes”. A mudança reforça a política inclusiva e antirracista da Vale, que busca promover a equidade de oportunidades, a valorização dos profissionais negros e o enfrentamento do racismo. A empresa já formalizou a alteração junto aos órgãos competentes e atualizou as placas de sinalização das estruturas.

No Brasil, os “capitães do mato” eram, em sua maioria, homens pobres e livres que tinham como função capturar e punir pessoas escravizadas em fuga, sendo considerado termo racista. A mina e a barragem, com essa nomeclatura, foram adquiridas pela Vale da antiga Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), em um processo que terminou em 2007. De acordo com os registros da Agência Nacional de Mineração (ANM), a mina iniciou a operação em 1992, e a barragem em 2014. Assista o filme produzido pela Vale:

O nome atribuído à jazida de minério, fazia referência a uma cobra comum na região, conhecida popularmente como boipeva, que significa “cobra achatada” em língua tupi, e capitão do mato. Independentemente do motivo, o antigo nome gerava incômodo a diversos empregados das operações, por remontar à época da escravidão de mulheres e homens africanos retirados forçadamente de seu continente, e trazidos ao país nos chamados navios negreiros, durante o período colonial brasileiro.

Para a escolha do novo nome das estruturas da empresa foi realizado um concurso interno para sensibilizar mais empregados para uma cultura diversa e inclusiva. “A mudança no nome da mina é uma ação carregada de simbolismo e que fortalece nosso posicionamento antirracista. Temos o dever de construir um ambiente de trabalho livre de discriminações étnico-raciais e convocamos todas as pessoas a serem ativas no combate ao racismo”, destaca Marina Quental, vice-presidente de Pessoas da Vale.

Entrada da unidade operacional em Nova Lima. Foto: Vale

A partir de uma campanha de comunicação interna os próprios empregados escolheram o novo nome: Horizontes, opção mais votada e sugerida pelo analista de operações do Complexo Vargem Grande, João Gomes. “Não podemos esquecer o passado, mas precisamos construir um futuro melhor, baseado na equidade racial. Além de homenagear a bela paisagem do local, pensei no horizonte mais respeitoso e diverso que estamos construindo na nossa empresa e na nossa sociedade”, afirma o vice-presidente de Pessoas.

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