“Melatonina não deve ser usada sem prescrição médica,” afirma psiquiatra

Insônia leva a busca pela melatonina. Foto: Agência Brasil

Distúrbios relacionados ao sono, como a insônia, ocorrem em aproximadamente 70% da população brasileira, de acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A privação de sono pode indicar alterações na saúde física ou mental. Enquanto sintoma, a insônia pode estar associada a questões psiquiátricas, como transtornos de humor, de ansiedade ou de personalidade.

“Pessoas com dificuldades em dormir, muitas vezes, sofrem com alguma alteração física como ansiedade ou depressão. Devido a isso, estudos são constantemente realizados em relação ao uso da melatonina. Mas, a melatonina em hipótese nenhuma deve ser usada sem a prescrição médica, porque cada paciente é único”, avalia a psiquiatra Kelly Robis, que também é professora da UFMG e PUC Minas.

E quem sofre com insônia, pode usar a melatonina por conta própria? A psiquiatra é categórica ao afirmar que a resposta é não. “Boa parte das insônias está associada com um quadro de base de depressão, ansiedade, transtorno bipolar. Tratar apenas a insônia aumenta a chance desse quadro base caso não seja tratado, se torne crônico, refratário e cause mais problema para a pessoa”, explica Kelly.

A psiquiatra e docente universitária ressalta ainda que, a melatonina é um hormônio endógeno e tem efeito contrário ao cortisol. “O uso da melatonina de forma indiscriminada e em doses altas, pode trazer desajustes nos níveis de cortisol, causando despertares ao longo da noite, despertar precoce e aumenta da sensação de ansiedade,” indica a profissional de psiquiatria.

“É preciso investigar se a insônia. A secundária tem a ver com o quadro depressivo ansioso. Para tomar a melatonina é preciso essa investigação adequada, senão o que irá gerar é o efeito oposto. Como a melatonina é vendida sem a receita médica, a maioria das pessoas usa doses inadequadas e altas, como doses de 5mg e 10mg. Usar este medicamento sem a devida avaliação médica não é recomendável,” conclui a psiquiatra.

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