O Brasil tem vivenciado momentos de violência em ambiente escolar, como nunca visto antes. Tragédias escolares estão tornando-se comuns e acende um alerta a todos. Como as famílias e a comunidade escolar terão que lidar com isso, quais as consequências para as crianças e adolescentes? Para a psiquiatra Kelly Robis, além de avaliar aspectos relacionados à segurança escolar é preciso estar atento ao suporte oferecido a esses estudantes, pois muitos fazem parte da mesma turma da escola. Falar sobre o tema nunca foi uma tarefa fácil, e explicar porque estão ocorrendo tragédias dentro de um ambiente que necessariamente seria seguro, é mais complexo e requer mudança de postura dos gestores.
“Lidar com o luto em uma situação normal como perder alguém próximo porque estava doente, é diferente de entender a morte da professora ou um colega de classe de forma trágica. A adolescência é uma fase de intenso desenvolvimento cerebral e é um período de alto risco para o desenvolvimento de diversos transtornos mentais. Com o aumento dos fatores de risco relacionados ao adoecimento mental, inclusive o consumo abusivo de conteúdos em redes sociais, além das dificuldades enfrentadas durante o período da pandemia e das consequencias desta fase. Crianças e os adolescentes merecem atenção especial”, explica a médica e professora da UFMG e da PUC Minas.
“Nas escolas, é fundamental que a equipe pedagógica conte com profissionais, como psicólogos, e exerçam um olhar mais individualizado sobre seus alunos”, avalia Robis. A psiquiatra também avalia que o contexto atual contribui para o aumento da ansiedade. “Após eventos trágicos, é comum que as pessoas comecem a vivenciar emoções como medo e apreensão, e isso, quando ocorre de forma muito persistente, aumenta a chance do desenvolvimento de transtornos ansiosos. É importante e se faz necessário que as instituições escolares atuem junto aos pais na criação de estratégias de prevenção em saúde mental,” pontua a docente universitária.
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