Notícias têm dado conta do aumento da exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha (MG), tendência que deve se expandir com a expansão da demanda pelo material e a chegada de grandes empresas na região. Na semana em que o governo apresentou projeto de lei para regulamentar a venda da ouro, cabe observar também as necessidades de regiões onde há exploração de outros materiais. Em evento realizado dia 15 de junho na Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Bruno Gomes, sociólogo especialista em desenvolvimento territorial, comentou a relação entre a necessária transição energética mundial e as transformações na exploração mineral.
Em um país com tradição de conflitos agrários, a ocupação de territórios permanece um tema de atenção por parte de diversos atores. “Os territórios sentem um duplo impacto com estas mudanças, tanto demográfico quanto sócio-ambiental, seja pela geração de energia renovável ou pela extração mineral em suas áreas. Minas Gerais, por exemplo, está se tornando referência em produção de energia fotovoltaica, além de possuir muitos dos minérios que estão vendo sua demanda crescer, sendo o lítio no Vale do Jequitinhonha o caso mais recente. Acreditamos em abordagens territoriais que possam promover o desenvolvimento sustentável nestes territórios impactos”, explica Bruno Gomes.
Ele apontou a relação direta entre a atual demanda mundial pela descarbonização das economias e duas dimensões complexas: a dependência crescente de recursos minerais para realizar a necessária transição energética, e os impactos territoriais da produção de energia renovável. Faz-se necessária metodologia de governança territorial, agendas de desenvolvimento e projetos de fortalecimento de capacidades locais e construção de novos arranjos financeiros. “Seja no caso da instalação de uma planta de produção de energia renovável ou o desenvolvimento de um projeto de exploração mineral, é fundamental pensar uma política de proteção destas comunidades”, completa Bruno.
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