Inadimplência das famílias oscila, com tendência de alta

De acordo com os dados publicados nesta terça-feira (30) pelo Banco Central, a taxa de inadimplência das famílias com recursos livres subiu de 6,05% para 6,17% entre os meses de março e abril. É importante destacar que os dados anteriores foram revisados e nos últimos três meses, de fevereiro a abril, a taxa oscilou, mas se manteve numa tendência de alta. Em comparação ao mês de abril do ano passado, a taxa está num patamar 22,4% maior e essa elevação foi antecipada pela curva de longo prazo do indicador da Boa Vista de Registros de Inadimplentes. Em 12 meses acumulados o indicador aponta um crescimento de 20,9%.

“O indicador tem antecipado de perto o movimento da taxa de inadimplência. A curva de longo prazo dele encontrou um ponto de inflexão entre os meses de março e abril e o crescimento desacelerou ao mesmo nível que se tinha observado em fevereiro. Essa é a tendência atual, de crescimento desacelerado, a perda de ritmo até aqui foi mais tímida, mas para os próximos meses esperamos que a curva desacelerasse mais e esse processo deve ser ainda mais nítido durante o 2º semestre deste ano. É também importante destacar que não há indícios de que esse processo de alta será revertido no curto prazo”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

O fato da inadimplência poderá permanecer por mais tempo em patamar mais elevado reflete no spread bancário, que subiu de 45,54 para 47,10 pontos percentuais entre os meses de março e abril. Essa variação foi responsável pelo aumento na taxa de juros média cobrada das famílias nas operações com recursos livres, de 58,61% para 59,68% no mesmo período. Por outro lado, o custo de captação recuou de 13,07% para 12,58%. A concessão desses créditos subiu 1,1% na comparação mensal dos dados dessazonalizados, mas se manteve numa trajetória de crescimento desacelerado e agora aponta alta de 15,7%, ante 18% de marco.

Tais variações antecipadas pelo indicador da Boa Vista são referentes ao segmento “Financeiro”, que havia apontado alta de 0,5% no mês e que no acumulado em 12 meses aponta um crescimento de 14,8%. “Já era esperado que a concessão de crédito fosse desacelerar de forma mais nítida durante o 2º trimestre e isso aconteceu logo no primeiro mês. Diante do cenário atual, de juros, endividamento, comprometimento da renda e inadimplência mais alta, além do fato do desemprego estar aumentando, dificilmente o mercado de crédito conseguiria manter uma taxa de crescimento próxima daquela observada no ano passado”, conclui Calife.

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