Estudo aponta que 70% dos médicos brasileiros têm sinais de depressão

Transtorno de ansiedade e alto nível de estresse são preocupantes e aparecem inclusive como reflexo da pandemia da covid-19; levantamento “Saúde Mental do  Médico 2022” embasado em metodologias científicas ouviu 3.489 participantes de todas as regiões

Estudo realizado pelo Research Center, núcleo de pesquisa da Afya, ecossistema de educação em saúde, mostra que quase 70% dos médicos brasileiros já apresentaram sinais de depressão, durante a vida. E para metade dos entrevistados a condição ainda é uma realidade: 26% têm um diagnóstico atual e 23% manifestam sintomas, mas não fazem acompanhamento. Falta de tempo e motivação, além do medo do impacto na rotina de atuação profissional, são os principais motivos para não buscarem ajuda ou tratamento para esta doença psiquiátrica crônica e recorrente, que  causa alteração no humor, com sentimentos de tristeza profunda e angústia.

O estudo também avaliou que para 34% daqueles que têm um diagnóstico atual de depressão, a patologia surgiu no último ano, o que reforça o impacto da pandemia na saúde mental dos profissionais. A pesquisa “Saúde Mental do Médico 2022” revelou que a ansiedade é ainda mais prevalente, pois 80% apresentaram sintomas do transtorno. Destes, 35% possuem diagnóstico atual da patologia e, para 32% dos diagnósticos fechados, a doença surgiu no último ano. Outro cenário preocupante é a Síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e mental. Dos entrevistados, 62% já apresentaram sinais e, destes, 36% não buscaram ajuda.

Excesso de horas trabalhadas, organização financeira e falta de realização profissional aparecem como os principais contribuintes. “A saúde mental do médico foi tema recorrente nos últimos dois anos, especialmente por conta da pandemia. Há ainda um reflexo deste período e, atualmente, já com a  situação mais branda da covid-19, os dados desta pesquisa mostram que essa deve ser uma preocupação constante e não apenas pontual. Trata-se de um imenso problema ocupacional há muito negligenciado e que precisa ser visto como prioridade por todos nós”, afirma Eduardo Moura, médico, e diretor de pesquisa do Research Center.

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