Além dos efeitos já conhecidos que a pandemia trouxe à vida como distanciamento social e expansão do home Office, outro indicativo da mudança foi o aumento alarmante no uso de ansiolíticos, antidepressivos e estabilizadores de humor sem recomendação médica. Um indicativo desse aumento foi apurado por pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Estudo com 1460 pessoas de 23 Estados constatou o aumento de casos de depressão em 90%, estresse agudo 40% e crises de ansiedade em 71%.
Uma pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) apontou um crescimento de quase 14% nas vendas de antidepressivos e estabilizadores de humor, usados nos casos de transtornos afetivos, como depressão, neurose depressiva e transtorno afetivo bipolar. Para se ter uma ideia em números reais, o número de unidades vendidas pulou de 56,3 milhões para 64,1 milhões, apenas nos primeiros seis meses do ano. Entre os principais malefícios dessa dependência, de acordo com especialistas, estão ligados a prejuízos cognitivos.
O psiquiatra da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Juliano Dantas de Menezes, o uso de ansiolíticos sem supervisão e prescrição médica podem induzir à forte dependência. “Estas medicações possuem o risco potencial de gerar dependência química. Às vezes você está tratando esse sintoma, mas o sintoma não melhora com a mesma dosagem e a pessoa vai necessitando de aumentos sucessivos de doses, progredindo para um quadro problemático, que virá, em última instancia, com dificuldades de abstinência”, exemplifica.

Juliano Dantas de Menezes
A principal forma de evitar a dependência por ansiolíticos é o acompanhamento médico constante. “O médico especialista irá orientar a pessoa, informando quando e como utilizar a medicação, quando vai ser introduzido, quando será diminuído, quando vai ser tirado. Como são remédios tranquilizadores diminui a capacidade de reflexo, de reação, podendo alterar o equilíbrio estático. No paciente idoso podem acarretar confusão mental”, afirma o especialista.
Outro problema muito frequente relatado pelo psiquiatra é o uso dos ansiolíticos com bebidas alcoólicas. “Acaba que causa uma tranquilização e uma sedação muito mais profunda, se tornando algo perigoso para o sistema nervoso central. Além dos riscos para o cérebro, também aumentam as chances de queda, de alteração do sistema nervoso central que possa contribuir para uma parada respiratória, além de uma lentificação motora severa podendo causar inclusive a morte”, reforça o especialista da FSFX.
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