Por iniciativa do Instituto Cultural Vale, o Sempre Um Papo Itabira recebeu o Padre Fábio de Melo para falar sobre seu novo livro “A Hora da Essência” (Editora Planeta), no dia 11 de maio. O segundo encontro do projeto foi mediado por Afonso Borges, idealizador do projeto, que estava ao vivo, em transmissão feita da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA). O evento contou com intérprete de Libras e aconteceu de forma virtual, devido à pandemia da covid-19, com acesso gratuito e transmissão no Youtube, Instagram e Facebook.
Padre Fábio contou que a inspiração para a elaboração da obra, para propor uma reflexão filosófica sobre o que levamos dentro de nós e ele propõe a narrativa a partir da conversa entre duas mulheres. “O romance começa exatamente com uma mulher repensando, repensar-se é muito difícil, muito doloroso, não é um exercício fácil. E para ela é um exercício ainda mais difícil porque ela trilharia um caminho curto, devido a um diagnóstico que havia recebido. Ela teria que fazer um itinerário extremamente doloroso de andar os caminhos de dentro, que são as distâncias mais difíceis, mais tortuosas, são essas que nós levamos dentro de nós”, adiantou o padre Fábio.
Devido a essa experiência o autor da obra, considera que sua obra é fruto de muitas vivências. “O livro, antes de nós escrevermos, nós convivemos com ele. De alguma forma nós seguimos o conselho do Drummond: “conviva com o seu poema antes de escrevê-lo”. Então, eu convivo com os meus livros. E no momento que fica insuportável levá-los comigo, eu divido”. Para ele, também foi desafiante tratar essas questões a partir de duas mulheres, pois é um contexto extremamente limitado e com pouca variedade de personagens. “Tive que centrar em duas pessoas e, ao mesmo tempo, fazer um texto que pudesse ser agradável para a pessoa que pegasse o livro e quisesse lê-lo, se identificasse com aquilo,” explicou.
O poema “José” de Drummond quase foi citado no livro. “Eu vi e li o poema compreendendo como uma leitura dos dilemas humanos. Em algum momento da vida, a gente se torna também José porque a festa acaba, e a luz apaga, a noite esfria, a gente fica sem nome. Eu sou José, até em meu nome, sou Fábio José. Tenho uma sensação de que quando Drummond escreveu esse poema ele não tinha ideia do que provocaria em nós quando tivéssemos o poema em mãos,” disse o padre, remetendo na condição universal de ser homem e, com isso, temos em o José, a oportunidade de nos colocar e identificar que, em determinados momentos, nós vivemos esse conflito tão atual.
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