A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em manter a taxa básica de juros em 13,75%, sem ao menos sinalizar que a redução da Taxa Selic está próxima, foi um balde de água fria para os setores produtivos. A avaliação é de José Maurício Caldeira, sócio acionista de grupo que atua em diversos setores da indústria e do agronegócio. “Foi uma decisão difícil de entender. É muito importante que os juros baixem. As famílias estão endividadas, o crédito está caro e, neste contexto, as empresas têm dificuldade de fazer investimentos,” diz Caldeira. A Selic está neste patamar desde agosto de 2022 e atualmente, o Brasil tem o maior juro real do mundo, próximo a 7%.
Para José Maurício Caldeira, os dados e acontecimentos recentes indicam que a Selic já poderia ter caído ou, pelo menos, que o Banco Central tivesse indicado de forma clara que iria reduzi-la em agosto, data da próxima reunião do Copom. A inflação vem desacelerando, assim como as expectativas futuras de aumento de preços. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação, fechou em 3,94% em 12 meses até maio. A previsão é que o índice encerre o ano em pouco mais de 5%, ainda acima da meta, mas em trajetória descendente. O comportamento do dólar é de viés de baixa, o que também ajuda a impedir aumentos de preços.
No campo fiscal, também houve avanços significativos. O novo arcabouço passou em primeira votação pela Câmara e foi aprovado no Senado por larga maioria. Como foram feitas modificações no texto, ele deverá passar por segunda votação na Câmara nos próximos dias. Complementam esta percepção ainda o fato de a agência de risco S&P ter mudado, recentemente, a perspectiva de rating (nota de crédito) para o Brasil de neutra para positiva. Foi a primeira alteração em mais de quatro anos. No entendimento da agência, aumentaram as chances de que o crescimento econômico do Brasil em 2023 seja mais forte com a estabilidade das políticas monetária e fiscal.
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