De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, o volume de vendas no varejo restrito caiu 0,1% entre os meses de janeiro e fevereiro na comparação dos dados dessazonalizados. Neste período, a alta no segmento de “Artigos farmacêuticos” (+1,4%) ajudou a compensar as quedas observadas em “Tecidos, vestuário e calçados” (-6,3%), “Móveis e eletrodomésticos” (-1,7%), “Super e hipermercados” (-0,9%) e “Combustíveis e lubrificantes” (-0,3%). O volume de vendas subiu 1,0% na comparação interanual e o crescimento em 12 meses acumulados se manteve na marca de 1,3%. Essa acomodação na curva de longo prazo havia sido antecipada pelo indicador da Boa Vista de Movimento do Comércio, que entre os meses de janeiro e fevereiro viu o crescimento em 12 meses estacionar em 1,5%.
“Nosso indicador teve um recuo maior no mês de fevereiro, muito em função do menor número de dias úteis no mês devido ao Carnaval, mas a tendência de longo prazo do varejo continua muito próxima daquela apresentada pelo Movimento do Comércio. Ambas vinham de uma trajetória ascendente desde o último trimestre do ano passado e agora parecem estarem próximas de um ponto de inflexão. Não seria nenhuma surpresa esse crescimento desacelerar nos próximos meses, não só pela volta da oneração dos combustíveis, que pode influenciar bastante, mas também pelo fato de que este cenário de inflação e juros altos tem deixado o consumidor mais cauteloso, sobretudo aqueles que se vêm em situação mais desconfortável, com muitas dívidas” avalia o economista da Boa Vista, Flávio Calife.
“Nossa projeção ainda é de baixo crescimento do varejo em 2023, num período em os mercados de trabalho e de crédito também devem desaquecer. A renda média real agora está em alta, de 1,5% no acumulado em 12 meses até fevereiro, mas é importante lembrar que essa renda vem de dois anos de queda, em 2021 a queda foi de 7% e em 2022 de 1%. A taxa de desemprego tem subido, fechou o ano passado em 7,9% e em fevereiro bateu 8,6%, e o crédito está desacelerando, algo que tem sido antecipado pelo indicador de Demanda por Crédito da Boa Vista, que encerrou 2022 com crescimento de 4,5% e agora, ao final do 1º trimestre de 2023, viu o crescimento desacelerar para 3,2%. Isso tudo junto acaba inibindo a confiança do consumidor e consequentemente o consumo”, conclui Calife.
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