De acordo com os dados publicados pelo Banco Central, a taxa de inadimplência das famílias com recursos livres subiu de 6,10% para 6,11% entre os meses de janeiro e fevereiro de 2023. A variação de 0,2% foi antecipada pelo indicador da Boa Vista de Registros de Inadimplentes, que havia apontado alta de mesma magnitude na comparação mensal dos dados dessazonalizados. A taxa pode estar próxima de um ponto de acomodação, algo que também foi percebido na curva de longo prazo do indicador da Boa Vista, que em 12 meses acumulados viu o crescimento passar de 20,8% para 21,0% neste período.
“A concessão de créditos mais caros está desacelerando aos poucos, o crédito pessoal não consignado, por exemplo, já aponta queda de 1,0% em 12 meses, e o efeito positivo da melhora no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego e melhora na renda, também deve começar a aparecer. O endividamento das famílias estava mais estável, mas começou a cair, e o comprometimento da renda também. Eles continuam altos, o que requer ainda um pouco de cautela, mas a tendência parece ser de melhora nesses fatores e isso está alinhado à nossa expectativa de que os registros e a inadimplência não repetirão a alta que se viu ao longo do ano passado,” afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista.
A concessão desses créditos continua desacelerando aos poucos, em fevereiro houve aumento de 16,3% na comparação interanual e o resultado acumulado em 12 meses passou de 20,4% para 20,0%. A tendência é próxima daquela observada na curva de longo prazo do indicador de Demanda por Crédito do Consumidor da Boa Vista referente ao segmento financeiro, que no mesmo período apontou alta um pouco mais forte na comparação com fevereiro do ano passado, de 23,8%, e viu a taxa de crescimento desacelerar de 15,5% para 15,3%.
A taxa de juros média cobrada das famílias nas operações com recursos livres subiu entre janeiro e fevereiro de 56,56% para 58,30%. Nesse período o spread bancário subiu 2,11 pontos percentuais, para 45,62 pontos, enquanto o custo médio de captação recuou 0,37 ponto percentual, para 12,68%. “A expectativa é de que esse crescimento desacelere de forma mais nítida a partir do 2º trimestre, mas é importante lembrar que o crédito vem de dois anos de forte alta e que a projeção para 2023 é de alta também, só que menor, algo mais próximo de 10%. Apesar de alguns fatores estarem melhorando, a inadimplência não está subindo como antes e o comprometimento da renda está diminuindo, eles ainda são altos e por isso a concessão tende a ser um pouco mais rigorosa”, conclui Calife.
Deixe um comentário