De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de mulheres no mercado de trabalho no Brasil ainda é menor do que a presença masculina. Enquanto 51,56% das mulheres estavam empregadas em 2021, para os homens, a taxa ficou em torno de 71,64%, diferença de 20%. Esse dado destaca que, mesmo com a busca feminina por mais reconhecimento, ainda existe um longo caminho a percorrer para que o mercado corporativo possa ficar equilibrado.
A psicoterapeuta familiar e mentora de mulheres, Ellen Silvério, comenta que existem diversos motivos para essa realidade, entre eles, o primeiro é o fator cultural. “Se você fizer uma pesquisa, vai descobrir que nós, mulheres, fomos preparadas para tudo, menos para sermos empreendedoras e empresárias bem sucedidas. As mulheres só entraram para o mercado de trabalho entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial, por necessidade quando faltou mão de obra, já que os homens tiveram que ir pra guerra”, explica.
“Quando falamos em contratar uma mulher, também nos referimos a contratar, muitas vezes, uma mãe e chefe de família. Este é um ponto que tem deixado muitas mulheres fora do mercado de trabalho. Vivemos em um mundo onde nos deparamos com a necessidade de optar por termos uma carreira de sucesso ou uma família. Isso acaba tirando as oportunidades das mulheres, já que a maioria das empresas ainda dão preferência à contratação de homens por terem receio da mulher ser menos produtiva porque precisam se ausentar para cuidar da família”, complementa.
Com tais empecilhos, os desafios se tornam cada vez mais comuns. Ellen destaca que, hoje, o maior deles é a inclusão em todos os aspectos. “Não é só contratar mulheres ou colaboradores de diferentes cenários, mas, sim, dar voz e extrair o melhor destas pessoas, reconhecendo e respeitando sua segurança física e psicológica de modo geral”, diz. Ellen ainda pontua sobre outro perigoso desafio: o assédio moral e sexual. Uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão apontou que 40% das mulheres dizem que já foram xingadas ou já ouviram gritos no trabalho, contra 13% dos homens que vivenciaram a mesma situação.
“Quando uma mulher ganha uma oportunidade de trabalho, ela ganha também uma chance de oferecer uma vida mais digna a sua família, ou seja os benefícios com uma mulher no mercado de trabalho vão além dos sociais, são também financeiros. E apesar de algumas pesquisas já realizadas apontarem que algumas empresas tiveram crescimento no seu resultado, o que significa que elas lucraram mais com a liderança feminina, as mulheres ainda continuam ganhando menos que os homens e isso ocorre até quando elas ocupam os mesmos cargos que eles”, cita.
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