Dia do Rim: transplantada comemora “eu renasci”

Sonia Maria da Silva doou um rim para a sobrinha Carla Grasielle Silva

A empresária Carla Grasielle Silva, de 33 anos, moradora de Ipatinga, passou por grave problema de saúde, e momentos difíceis. Em 2016, ela recebeu a doação de rim da sua tia Sônia, e foi submetida a um transplante. A empresária conta que a cirurgia foi um sucesso e, atualmente, leva uma vida completamente normal. “Trabalho, faço exercícios físicos, viajo e sou muito feliz. Estou muito bem e sou grata a minha querida tia e aos médicos do Hospital Márcio Cunha, que foram a ferramenta para que tudo isso fosse possível. Eu renasci,” revela.

No Brasil, mais de 150 mil pessoas fazem diálise. São cerca de 850 milhões de pessoas que sofrem de Doença Renal Crônica (DRC) no mundo e mais de 10 milhões no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). No dia 10 de março, é comemorado o Dia Mundial do Rim. A campanha criada pela Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN) e a Federação Internacional de Fundações do Rim (IFKF) reúne centenas de países com o objetivo de conscientizar sobre a saúde dos rins.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia e médico nefrologista da Fundação São Francisco Xavier, Daniel Calazans, explica a importância da campanha do Dia Mundial do Rim. “A doença renal crônica é muito grave. Geralmente é assintomática e costuma ser diagnosticada em estágios avançados, quando o paciente já precisa de diálise. A estimativa é de que até 2040 a doença renal crônica possa ser a 5ª maior causa de morte no mundo. Somente no período de pandemia, por exemplo, a mortalidade por DRC subiu de 18% para 24%”, alerta Calazans.

Hemodiálise

As dificuldades enfrentadas por Carla até chegar ao transplante foram muitas. Aos 25 anos ela foi diagnosticada com glomerulonefrite, doença que provoca a inflamação de uma região do rim conhecida como glomérulo, responsável pela filtragem do sangue e formação da urina. “Passei um mês tendo muita fraqueza, náuseas e tontura. Eu morava em Guanhães e fui ao pronto-socorro da cidade algumas vezes. Um dia passei muito mal e precisei de transfusão de sangue. Fui transferida para Itabira e fiquei quatro dias em coma induzido e na hemodiálise. Meus rins pararam. Ao todo, foram 11 dias na UTI”.

Depois do coma, Carla passou três meses viajando 150km de Guanhães a Itabira, três vezes na semana, para fazer hemodiálise. Pouco tempo depois ela começou a fazer diálise peritoneal em casa, quatro vezes ao dia. A diálise peritoneal é um método de tratamento administrado pelo próprio paciente em casa. O processo ocorre dentro do corpo com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal. No Brasil, cerca de 93% dos pacientes com doença renal crônica fazem hemodiálise e apenas 7% realizam a diálise peritoneal, segundo informações oficiais da Sociedade Brasileira de Nefrologia.

 Solidariedade

O amor de uma pessoa bem próxima à Carla foi essencial para que ela voltasse a ter uma vida saudável. A tia Sônia, como se fosse sua segunda mãe, foi quem se disponibilizou a doar um rim para a sobrinha. “Eu sempre tive uma ligação muito forte com a Carla. Eu cuidei dela até os cinco anos para que a mãe pudesse trabalhar. Quando vi todo o seu sofrimento, não pensei duas vezes: eu queria ser a doadora”, lembra a vendedora, Sônia Maria da Silva, atualmente com 51 anos e também moradora de Ipatinga.

A vendedora conta que não teve medo em momento algum e que tudo foi muito profissional. “Eu passei por vários exames, correu tudo bem na cirurgia. Meu rim já estava 100% em uma semana. É extremamente gratificante poder salvar a vida de uma pessoa. Se mais pessoas se disponibilizassem a doar um rim não teria tanta gente sofrendo nas filas, muitas nem conseguem sobreviver. A vida da Carla é o nosso grande presente. Faria tudo de novo”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *