No Dia da Consciência Negra, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Minas), apresenta a releitura de cardápios da culinária afro-brasileira tendo o milho como seu principal ingrediente. A origem não é africana, mas o seu sabor, além de ultrapassar continentes, é a base alimentar para diversas culturas. Em suas múltiplas versões, engana-se quem acha que o milho é apenas um ingrediente principal dos eventos juninos. Ao contrário, o cereal, além de servir como fonte de sustento, é sinônimo de resistência e ancestralidade desde os tempos em que os negros foram escravizados.
Hoje o ingrediente compõe cardápios que vão da mais alta gastronomia até o fast food. Muito além de uma simples data, em que, somente nela, muitos lembram que todas as vidas importam no Brasil, o dia 20 de novembro foi oficializado para relembrar a morte de Zumbi dos Palmares, líder de um dos maiores quilombos da história brasileira. Durante este período da escravidão, os escravizados se viram obrigados a improvisar no preparo dos seus alimentos, já que, a partir dali, passariam a viver em condições subumanas.
“Resistência e ancestralidade significam que mesmo em situação de opressão e sofrimento, os negros escravizados conseguiram implantar aqui, no nosso país, a sua cultura alimentar e o seu tradicional modo de preparo”, explica Mauro de Paula, chef de Cozinha, docente do Senac Minas. A culinária africana não ficou presa à época da escravidão. Ao contrário, transpôs o tempo e estabeleceu sua importância na gastronomia brasileira, com o milho está presente nos diversos pratos que a culinária de origem afro.
“A importância que o milho tem na culinária mineira deve-se também ao que os negros escravizados implantaram no nosso país. Além da sua representatividade de fartura, eram muito comuns as técnicas tradicionais aplicadas nos produtos que tinham como base alimentar. Dali saiu cozidos, caldos de legumes enriquecidos com farinhas (pirões), sem contar que herdamos receitas como a pamonha (versão do acaçá), mugunzá, curau, aluá e cuscuz, que transitam entre diversas possibilidades que a gastronomia brasileira nos oferece”, conclui o chef.
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