No dia primeiro de dezembro foi celebrado mundialmente o Dia de Prevenção à AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), data que reforça a importância de avanços na luta contra o HIV e destaca a necessidade de conscientização para quebrar estigmas ainda presentes na sociedade. O Brasil, referência mundial no enfrentamento da infecção, consolida sua posição por meio de um sistema público de saúde que oferece acesso gratuito ao diagnóstico e ao tratamento, promovendo uma abordagem inclusiva e eficiente. Segundo o Dr. Pedro Mendes, médico infectologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), um dos pilares do combate é o acesso à testagem regular, especialmente para aqueles com comportamentos de risco.
“A maioria das pessoas infectadas pelo vírus HIV são assintomáticas nos primeiros anos da infecção. Passam por longos anos, de cinco até dez anos, sem manifestar nenhum sinal e sintoma relacionado à infecção. Dessa forma, a testagem regular, sobretudo de pessoas que apresentam comportamentos de risco com maior vulnerabilidade à exposição ao vírus, é essencial para um diagnóstico precoce e um tratamento oportuno, cortando assim a cadeia de transmissão. Atualmente, tratamentos modernos e seguros permitem que pessoas com HIV tenham uma expectativa de vida semelhante à de pessoas não infectadas. No entanto, superar essa imagem do passado e combater o preconceito continua sendo desafios cruciais”, destaca o médico da FSFX.
Modalidades inovadoras de prevenção, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), têm desempenhado papéis essenciais na redução de novos casos. “Ao ser oferecida aos indivíduos com maior vulnerabilidade ao vírus, a PrEP mostrou eficácia significativa. O acesso ampliado à PrEP resultou em uma redução superior a 50% nos novos diagnósticos. Já a PEP, indicada em emergências, como exposição sexual desprotegida ou acidentes com material biológico, é um recurso de alta eficácia quando iniciada em até 72h após a exposição”, comenta Dr. Pedro Mendes. Ele enfatiza que, ao contrário do que se dizia no início da epidemia, na década de 80, não há grupos de risco, mas sim, comportamentos.
Ele lista como fatores de maior vulnerabilidade práticas sexuais sem preservativo, múltiplos parceiros sexuais, uso de drogas associado ao sexo e a presença de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Essa mudança de paradigma é fundamental para evitar a estigmatização e focar na prevenção”, destaca. Apesar dos avanços, o preconceito ainda é uma das barreiras mais significativas enfrentadas por pessoas que vivem com HIV. “Sem nenhuma dúvida, o fator relacionado ao HIV que mais mata é o preconceito, e isso não é nenhum clichê. Todo o estigma e o preconceito em torno dessa infecção criam no imaginário popular medo e receio pelo diagnóstico, o que faz com que o usuário fique cada vez mais distante do diagnóstico precoce”, afirma.
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