Ao longo do mês, a campanha Março Lilás vem para alertar sobre a prevenção e a conscientização ao câncer do colo do útero, o terceiro tipo de neoplasia que mais afeta as mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Ainda de acordo com o Inca, são esperados 17.010 novos casos no Brasil e, em Minas Gerais, 1.670 novas ocorrências para cada ano do triênio 2023-2025. O câncer de colo de útero é mais comum em mulheres consideradas jovens, por volta dos 47 anos de idade. Já os tumores ovarianos e de corpo uterino se tornam mais prevalentes naquelas acima de 50 anos e são responsáveis por mais de 6.500 novos diagnósticos a cada ano, respectivamente.
O Papilomavírus Humano (HPV) é infecção sexualmente transmissível (IST) comum, transmitido durante o sexo. O vírus se aloja na região genital, não só vagina e pênis. Vulva, períneo, bolsa escrotal e região pubiana também podem alojar o HPV. O uso do preservativo masculino ajuda a evitar, mas não anula o risco de contágio. “Mais de 90% dos casos do câncer do colo do útero estão ligados ao HPV. Infelizmente, apenas um terço das meninas são adequadamente vacinadas no Brasil e isso pode impactar diretamente no problema. A vacina tem o potencial de eliminação do câncer do colo do útero e de outros cânceres HPV relacionados“, observa a oncologista Angélica Nogueira, do Cancer Center Oncoclínicas.
De acordo com a oncologista, existem mais de 100 tipos de HPV. Cerca de 40 afetam a região genital e, entre esses, pelo menos 13 eventualmente desencadeiam câncer de colo do útero, vagina, ânus, vulva e pênis. Em caso de sexo oral, eles aumentam também o risco de tumores na orofaringe e na boca. Especificamente, dois tipos de HPV (16 e 18) são responsáveis por 70% dos cânceres do colo do útero e lesões pré-cancerosas, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde no Brasil e está disponível atualmente para todas as crianças e adolescentes de nove a 14 anos.
“A imunização pode ajudar não só a prevenir o câncer do colo do útero, como também o de vulva, vagina e ânus nas mulheres e de pênis nos homens, além de orofaringe em ambos”, observa a oncologista. Além disso, vale lembrar que a vacina também é indicada para pacientes com câncer, HIV e transplantados (45 anos nas mulheres, e 26 nos homens). O ideal é a realização de exame preventivo a cada três anos, após dois negativos em anos consecutivos. Alguns sintomas podem indicar que algo está errado com o corpo: sangramento vaginal anormal, dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo/estômago, alterações intestinais, fadiga, vulva e vagina com feridas, alteração de cor ou bolhas, e a perda de peso sem motivo.
“Ele pode ajudar a diagnosticar precocemente o câncer do colo do útero ou lesões pré-malignas e evitar que o tumor seja encontrado em estágios mais avançados, prejudicando o tratamento e deixando-o mais complexo. O vírus HPV tem a capacidade de fazer modificações genéticas nas células do colo do útero e aí ocorre uma multiplicação celular desenfreada, o que gera o câncer. Em geral, esse processo demora muitos anos, por isso a importância de fazer periodicamente o Papanicolau a partir dos 25 anos,” disse Angélica Nogueira. Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual tambem podem influenciar no aparecimento desta doença.
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