
Foto: Divulgação/Arquivo
Tratamento da doença vem avançando com cirurgia robótica minimamente invasiva e terapias-alvo
O câncer de próstata é o segundo que mais acomete os homens, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), e até o final do ano serão registrados mais de 72 mil novos casos no país. Médicos afirmam que a doença pode levar anos para se manifestar, porque costuma crescer de forma lenta, contudo, ela é a segunda principal causa de morte por neoplasias, depois do câncer de pulmão: a cada 41 homens, um morrerá de câncer de próstata, segundo a Sociedade Americana de Câncer (ACS, da sigla em inglês).
“Homens a partir de 50 anos, e 45 anos para quem tem história familiar positiva, devem realizar anualmente o exame clínico (toque retal) e o antígeno prostático específico (PSA). Alguns pacientes com o tumor prostático podem apresentar níveis normais de PSA, por isso a necessidade de realizar ambos os exames. Quando o câncer de próstata é rastreado precocemente, a cura pode chegar a 97%”, frisa o urologista Dr. José Eduardo Távora, coordenador de Cirurgia Robótica do Hospital Vila da Serra.
O PSA é um exame simples, não invasivo e indolor, capaz de detectar o tumor de próstata em seu estágio inicial, realizado por meio de coleta de sangue. “A medição do PSA é determinante para o rastreio de uma possível existência do câncer de próstata, ele avalia a quantidade do antígeno prostático específico e, havendo suspeita da doença no organismo, é indicada uma biópsia, feita por ultrassonografia transretal para a confirmação do diagnóstico”, informa o especialista.
De acordo com a oncologista da Oncoclínicas Belo Horizonte Ana Izabela Kazzi, o câncer de próstata, na maioria dos casos, apresenta sinais somente no estágio avançado, quando o paciente pode apresentar dificuldade ou necessidade de urinar muitas vezes, sangue na urina e demora ao começar e terminar do ato. “Esses sintomas também podem estar relacionados a doenças benignas da glândula, como a hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata) ou a prostatite (inflamação na próstata)”, esclarece a médica.
“Por esse motivo, a oncogenética exerce um papel fundamental. Testes germinativos são capazes de identificar tumores hereditários (aqueles transmitidos de geração para geração) e investigar mutações em genes, sendo recomendados para pacientes com história familiar sugestiva, com tumores de próstata localizados de alto risco ou metastáticos. A descoberta de uma alteração genética fornece informações valiosas para o acompanhamento dos descendentes do familiar acometido”, ilustra a especialista.
Uma pequena parcela da população masculina (12%) tem os riscos aumentados de desenvolver a doença devido ao histórico familiar. A cirurgia robótica e a terapia-alvo são importantes avanços no tratamento do câncer de próstata que os médicos José Eduardo Tavora e Ana Kazzi explicam a seguir. Desenvolvido nos Estados Unidos, o sistema cirúrgico robótico Da Vinci oferece imagem em alta definição e tridimensional (3D) que aumenta o campo de visão em até 12 vezes o tamanho original, facilitando a dissecção da anatomia.
“A abordagem minimamente invasiva garante uma recuperação mais precoce. Todavia, os cuidados pós-operatórios são os mesmos em comparação com uma cirurgia tradicional. A técnica Da Vinci é a alternativa mais segura para o câncer de próstata pelo ganho funcional, pois recupera a continência mais precocemente e aumenta as chances de preservar a ereção. O tempo de duração do procedimento dependerá do grau de complexidade, podendo levar de duas a oito horas”, relata Távora. A técnica chegou ao Brasil há 14 anos.
“Os pacientes com mutações deletérias nos genes de reparo do DNA tiveram benefício com o uso do Olaparibe. No início de 2021 foi apresentado dado do estudo com um radioligante, o Lutécio-177, que passa a ser uma nova opção de sequenciamento nos pacientes previamente tratados com quimioterapia e inibidores de última geração. Já este ano, novos estudos evidenciaram ganho em sobrevida com a combinação de tratamentos no cenário da doença avançada”, finaliza Ana Kazzi.
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