O itabirano Tiago Dias Souza de 37 anos faz tratamento de hemodiálise há 20 anos, o dobro da expectativa de vida média que é dez anos. É o mais jovem dos pacientes, mas também o que tem mais tempo na hemodiálise. Casado e pai de uma adolescente de 12 anos. Tiago tem uma vida ativa, com futebol e pilates, dedicando 4h diárias, três vezes na semana na diálise no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD). E conta que quando entrou para hemodiálise, não tinha ideia do que era o tratamento, e viu muitos colegas, pacientes, que esperavam pelo transplante, falecerem na espera pelo órgão. Ele, e 34 pacientes estão nessa fila.
Aos 31 anos fez o primeiro transplante, mas houve rejeição dois dias após a cirurgia. “Não vejo a rejeição que tive com sofrimento. Eu não tenho medo de morrer, tenho muito medo de não viver, porque a vida é extraordinária, é incrível”, enfatiza Tiago. Ele voltou a fila pela segunda vez. Uma espera que dura seis anos. “É importante que as pessoas saibam que em geral o tratamento de hemodiálise é pesado, desgastante, exige adaptações e é sofrido. Não percam a esperança, mas vivam,” destaca o paciente do HNSD, atendido pelo coordenador do setor, o nefrologista Dr. Marco Antônio Gomes.
“A doença renal crônica é silenciosa. Hoje vivemos uma epidemia. O paciente entra, mas tem um mau mecanismo de saída de diálise. O tratamento definitivo é o transplante. O doador que tem uma morte encefálica em que o coração continua funcionando, o rim continua funcionando e o pulmão continua funcionando está em condição de terapia intensiva e, mesmo que a pessoa tenha escrito ou falado que pode retirar os seus órgãos, após a morte a família é consultada. O doador vivo pode ser o pai, a mãe, o irmão, o primo de primeiro, segundo ou terceiro grau. Até o cônjuge pode doar”, explica o especialista e também vice-prefeito de Itabira.
O dia 27 de setembro é lembrado como data nacional do doador de órgãos e tecidos. “Eu quero dizer que estão doando amor e que quem doa permanece com um rim podendo viver naturalmente”, finaliza Marco Antônio Gomes. O HNSD tem, atualmente, 35 pacientes aguardando o transplante renal, ou rim e pâncreas, além de 53 pacientes em processo de avaliação pré-transplante. Quem pretende ser um doador, deve avisar a família, deixando claro esse desejo. “Há pessoas na fila de um transplante aguardando por aquele telefonema que mudará para melhor as suas vidas,” diz nota do HNSD.
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