Tapas, gritos, ameaças e castigo. Educação ou violência? “Precisamos debater e repensar de forma urgente como educamos e cuidamos das crianças, e não só as famílias, mas toda a sociedade. A violência é tão normalizada que, muitas vezes, é considerada uma forma de educação”, relata Águeda Barreto, coordenadora de advocacy do ChildFund Brasil, organização que atua na promoção e na defesa dos direitos da criança e do adolescente. Os números da violência contra crianças em ambientes domésticos no Brasil refletem uma difícil realidade: mais de 80% das violências contra crianças são cometidas dentro de casa e por familiares ou pessoas próximas (Disque 100).
Com a finalidade de conscientizar e mobilizar a sociedade sobre a causa, o ChildFund Brasil lança a campanha “Criança é pra Ser Cuidada”, com dados reunidos em um relatório parcial da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, com apoio da The Lego Foundation. O relatório é uma análise de dados públicos e das proposições legais nas câmaras legislativas nacional e estaduais. Os dados analisados nessa fase são de órgãos oficiais: Ministério da Cidadania (Assistência Social), Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (Disque 100), Ministério da Saúde (DataSUS) e Proposições Legislativas (Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas Estaduais).
A próxima etapa inclui entrevistas com crianças, famílias e atores institucionais, e será criado um relatório final com a análise das percepções sobre a violência contra crianças das cinco regiões brasileiras. Casos de violência contra a criança só foram reconhecidos na década de 1960 e se referiam, principalmente, a crianças menores de um ano de idade. No Disque 100, canal de denúncia sobre violações dos direitos humanos, até maio de 2022, foram registradas 78.248 denúncias de violência contra crianças ou adolescentes. No mesmo canal, em 2021, foram 101. Isso demonstra um aumento nas notificações de violência contra crianças e adolescentes, mas ainda não é um número fiel.
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